sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Meu amigo Tocha

Ele não usa relógio, a calçada é sua guia
ele não usa calçados, tem os pés no chão
Pedestres passam apressados, é sol de meio-dia
ele não sabe seu nome, mas tem calo na mão
 
Quando cheira azedo, me segura pelo dedo, me causa medo
Quando enche a pança, seu corpo balança, me dá segurança
Quando a cor do sinal muda, me conta da vida, me prende pelo braço
E então o bonequinho fica verde, dá uma pigarreada e aperta o passo
 
Seu nome é Tocha, rei da Rua Rocha
 seu nome é João, dono do quarteirão
 seu nome é pivete, mas não vende chiclete
 seu nome é mendigo, mas me chama de amigo
 
Escrevo em prosa torta, como as ruas do Bixiga
Escrevo sobre um anonimo, escória da sociedade
Escrevo sem cimetria, que diferença faria
e só não vê quem não quer, por toda essa cidade

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