terça-feira, 11 de outubro de 2011

Audiodescrição

É fato que desde o dia 1º de julho as emissoras brasileiras, por força
de lei, deveriam disponibilizar ao menos 2h de programação semanal com o
recurso da audiodescrição. É um recurso fantástico de inclusão, que
consiste numa descrição clara e objetiva de tudo aquilo que se
compreende visualmente e não se depreende dos diálogos. Como exemplos,
expressões faciais e corporais que tenham algum valor para o
desenvolvimento da história, descrições das cenas e cenários, figurinos
e mudanças de tempo e espaço. Imagine que, após um diálogo caliente,
toca uma música e o cego fica ali imaginando os corpos despidos em
movimento, quando na verdade sequer se beijaram.. Poizé, a imaginação
vai longe e, sem a descrição de cenas, é fácil se dispersar (ainda mais
se for alguém inquieto como eu). O pior pode acontecer se o filme todo
puder ser compreendido tão somente pelos diálogos, mas acabar em uma
cena muda. Foi mais ou menos o que aconteceu quando assisti ao "O Homem
que Copiava", "Ônibus 174" ou à minissérie do Chico na Globo, "O Amor em
4 Atos". Aí o jeito é recorrer ao São Google, ligar para aquela pessoa
que sabe de tudo e não se importa com o relógio, pedir socorro nas redes
sociais ou imaginar um desfecho mais ou menos coerente. Mas com a
audiodescrição a imaginação pode se focar nos detalhes, propiciando uma
compreensão plena e envolvente do programa. Há quem possa imaginar que
não faz sentido descrever uma explosão de cores, naves e raios (Avatar)
a alguém que sequer viu a cor do mar, mas essa idéia pode ser bem
equivocada. É ali que o cabeção vibra e viaja, prestando a atenção em
paralelo nos diálogos e barulhos. É nessas horas que até esqueço que sou
cego e deixo todas as sensações me invadirem! Copiando trecho do site
audescrição.com.br, que eu recomendo: "A audiodescrição permite que o
usuário receba a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta
aparece, possibilitando que a pessoa desfrute integralmente da obra,
seguindo a trama e captando a subjetividade da narrativa, da mesma forma
que alguém que enxerga. As descrições acontecem nos espaços entre os
diálogos e nas pausas entre as informações sonoras do filme ou
espetáculo, nunca se sobrepondo ao conteúdo sonoro relevante, de forma
que a informação audiodescrita se harmoniza com os sons do filme".
Infelizmente ainda são raros os programas e filmes em que o recurso é
disponibilizado. O Teatro Vivo traz a audiodescrição em suas peças e há
outras iniciativas louváveis, como o festival Melhores Filmes no Sine
Sesc. Foi lá que assisti ao Avatar e ao Tropa de Elite 2. Sorrisão de
orelha a orelha, descendo a Augusta lembrando de cada detalhe e as vezes
trocando idéia com outros que voltavam do mesmo lugar. Na Tv aberta, os
filmes exibidos no Tela Quente e Temperatura Máxima (Globo), o Chaves no
SBT e o Comédia MTV atualmente são os únicos. E hoje tive o privilégio
de assistir ao Kung Fu Panda, que me inspirou a escrever essa postagem.
Tudo bem que o filme é de 2008 e realmente espero não ter que aguardar
até 2014 para assistir ao Kung Fu Panda 2, mas a largada foi dada e
sinceramente fico na expectativa de que muito mais do que a lei prevê
seja disponibilizado. Mando um "salve" ao pessoal da Iguale Comunicação,
Lavoro Produções e Instituto Vivo, e fecho com uma frase que certamente
já li em outra época e lugar, mas é sempre boa de ser lembrada: "o ontem
é história, o amanhã mistério; O hoje uma dádiva, daí receber o nome de
presente." (Mestre Oogway, Kung Fu Panda).

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