segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A rádio da cabeça

Ok, imagens podem dizer mais do que 1000 palavras, mas o que seriam delas sem a
companhia de uma bela trilha sonora? Foi assim desde a época do cinema mudo. O
que seria do amanhecer sem o canto dos sabiás? E a padaria sem o cheirinho do
pão fresco? Risada de criança, cheirinho de carro novo, aquele gostinho que
lembra infância, a textura de um flufi. São diversas as coisas que independem da
visão para se materializarem, mas hoje quero falar das canções que nos dão algum
embalo: para baixo, para os lados ou para cima. Uma música pode nos trazer
várias sensações: a guitarra que acelera o coração, a gaitinha que acalma a
alma, a batida que faz o corpo querer entrar num ritmo frenético, a percussão
que marca mais que uma respiração por entre as palavras, a letra que parece
querer contar uma história que já foi sua, ou quem sabe um dia será. Com que
freqüência a gente capta todas essas freqüências? Será mesmo que carecem de
cores e contornos? Podem até remeter a uma foto, parada no tempo ou dançando na
mente, mas não fechada em si mesma. A música nos traz uma experiência que é
multi sensorial. Na alegria, na tristeza, na dor e na risada - de olhos
arregalados ou fechados, seus acordes, arranjos, tons e palavras mexem com a
essência de qualquer vivente (até mesmo dos ditos irracionais). E assim é que
domingo retrasado o que bombava na rádio da minha cabeça (aquela que não tem
locutor e nem botão de desliga) era "Mais uma Dose", do Cazuza. Nesse, perdido
em meus devaneios, foi a vez de "Tive Razão", com Seu Jorge, ouvido há poucas
horas atrás em uma Fundição Progresso lotada, na Lapa carioca. E hoje, ao
amanhecer já no conforto de casa, sem ter com o que me preocupar, foi a vez de
"A Idade do Céu", com Zélia Duncan e Simone. À noite, se a ansiedade bater na
porta, me acabo na esteira ouvindo "Running Free", do Iron. E assim, de trilha
em trilha, vou caminhando e cantando (na verdade assoviando, porque não solto a
voz nem debaixo da água fria). Cantar só quando ninguém vai me ouvir, no meio da
multidão, engrossando o coro. E aí, no intervalo, se der coragem solto a
vuvuzela que tava presa na garganta: toca Chegaaáaá (virada cultural). A rádio
da cabeça, que já foi até tema de música do Morais Moreira, pode até não ter
razão, mas sempre traz alguma emoção: que se quer, já se quis ou hhá de querer.
 Pra terminar: que nesse show da vida a gente se entregue, sem dó maior e com
todos os sentidos que ainda nos restarem, às melhores vibrações!

2 comentários:

  1. agora vc fez a rádio da minha cabeça tocar "tive razão" e aposto que ela não vai sair daqui tão cedo! ;)

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  2. "mas pra mim tá tranqüilo, eu vou zuar, o clima é de partida, vou dar seqüência
    na minha vida. e de bobeira é que eu não estou, e você sabe como é que é, eu
    vou, mas poderei voltar quando você quiser .. demorou, VAI SER melhor"

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