quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mercado, uma caixinha de surpresas

Ainda que o sujeito fosse todo dia ao mercado, é impossível decorar a
disposição dos corredores e produtos. No meu caso, preciso de um
funcionário para me orientar nas compras. A maioria deles tem boa
vontade e diz se sentir feliz em poder ajudar, mas as vezes eles podem
demorar a aparecer ou entender coisas que o "ouvido abrido" custa a
acreditar. Imagine que, depois de fazer hora extra em um deles (o nome
não devo falar, embora tenha acabado de dar a dica), digo ao funcionário
que quero ir à seção de comida pronta. Ele me encaminha a outro e diz:
"o rapaz aí quer um prato de comida!"..
Fora compras de emergência, quando a geladeira mais parece loteamento
novo (só tem grade e água..), recorro ao delivery. É uma maravilha
porque posso fazer o carrinho pela internet, e o leitor de telas não te
faz perguntas, fala produtos que você sequer sabia que existiam
(geralmente comestíveis..), compara preços e vai te dando o valor total,
sendo o assalto previsível. Aí é só esperar, no período combinado, a
campainha tocar, o funcionário contar os volumes das caixas e começar a
brincadeira. O que é de geladeira vem em sacolas separadas e, por
estarem gelados, fica fácil saber que lá devem ser entulhados. Alguns
congelados prontos já têm indicações em braille, do tipo "lasanha de
carne, 350g". Quanto aos minutos de aquecimento, o Google, o site do
fabricante, o cheiro e o bom senso geralmente são bons aliados. Já
quanto aos frios, tudo se resolve numa apertada, cheirada, olhadela no
tamanho da bandejinha.. Mas nem sempre funciona.. Já confundi queijo com
peito de peru, ficando em dúvida se não era lombo ou mortadela fatiada -
dúvida que só resolvi relendo pela quinta vez o carrinho de compras e
verificando que esqueci da mortadela, então não era queijo porque era o
de baixo e o peito de peru eu tinha aberto naquele dia em que cheguei em
casa roendo o pé da mesa e sequer tive o trabalho de tentar reconhecer o
que era.
Algo interessante acontece com os enlatados. Às vezes, com algum olho
emprestado, coloco etiquetas em braille para identificar. Mas geralmente
se tem algo melhor para conversar ou fazer que etiquetar, então a coisa
funciona na base da tentativa inversa: se quero comer milho, mentalizo
uma lata de ervilha. Nem sempre funciona, mas dá uma certa emoção,
talvez comparada à de abrir um kinder ovo. E falando em chocolates, se
for bombons já conheço o formato de muitos deles. Então não vá achando
que eu vou ser o tonto e catar aquele último avaí que sobrou na caixa!
Já se a comida tiver congelada e a pressa for grande, meu almoço poderá
ser um peito de frango com carne moída (aí arremato aquele vidro de
pepino achando ser mini-milho, como o avaí e já saio escovando os dentes
andando pela casa, tropeçando nas caixas vazias do mercado que ainda não
desci para o lixo). Antes de partir remexo as gavetas em busca de uma
maçâ desidratada, e por sorte vem uma ruffles. Se eu tivesse apertado um
pouco mais seria farofa de batata, aí era só misturar a maionese, jogar
o tempero de arroz que eu achava ser sopinha em pó.. Quem manda não
cheirar depois de abrir? Tá resolvido que a janta não vai ser em casa..E
ainda tem uma caixa a ser aberta, acho que fica pra amanhã...

Um comentário:

  1. Pelo visto toda compra deve ser uma aventura!!! Que bom que você consegue levar com certo humor.
    Já eu odeio fazer compras. Abraço! Jean

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