sábado, 21 de setembro de 2013

Caçando no escuro

Finjo alguma pressa, mas ela parece não se importar. Me guia até o 5º obstáculo,
dou alguns passos e subitamente penso que poderia voltar e molhar o bico. Subo o
degrau como se conhecesse o recinto, olho fixamente para o balcão e balanço meu
cabo guia. O garçom me avisa das notas do troco, pego a latinha e me ponho na
calçada. A mesa da esquerda me convida pra sentar. Por alguns instantes
mentalizo a mesa dela, mas segundos depois, já sentado, pude reparar que eram um
grupo grande, e que ela estava lá na outra ponta. Talvez na ida ao banheiro a
gente se esbarrasse? Será que também me olhava? A bexiga demorou a apertar, a
voz sumiu do meu horizonte. Por noites e até com sol passei naquela esquina, mas
nunca mais a encontrei na multidão.

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