sábado, 29 de setembro de 2012

Novamente os anônimos

Falávamos sobre a dificuldade de estabelecer um diálogo quando não se tem a
mínima noção de quem é o outro interlocutor. Aquela conversa de doido, com o
"bom te ver por aqui, continua indo lá?". Conheço muitas pessoas na rua, mas sou
um péssimo memorizador de nomes. Aí alguém me disse que eu não deveria me
preocupar muito com isso, porque hoje as pessoas estão imersas em seus próprios
mundinhos. Discordei e resolvi compartilhar esse trechinho de conversa. "Mas
olha só, a rua pra mim é um divã coletivo - numa caminhada inspirada, cada
esquina pode ser uma surpresa. E acho que tem muito mais gente boa que gente
ruim, seja pelos gestos, seja pelas idéias compartilhadas. Nunca esqueço daquela
menina que foi comigo naquela caótica tarde de sexta chuvosa até o fim do
Viaduto do Chá, me alegrando com seu imenso guarda-chuva, e só depois contou que
tava indo pro outro lado. Essa se me falasse "oi, eu sou a moça do guarda-chuva,
lembra", eu certamente lembraria, mas não faço nem idéia da 1ª letra do nome. E
assim vários anônimos fazem dessa caminhada uma suave maratona sem fim."

Um comentário:

  1. Eu amo as ruas, amo estar nelas. E mais ainda quando alguém vem com uma história para me contar, sem que eu pergunte praticamente nada. E concordo com vc quando diz que há no mundo mais gente boa do que gente má, também tenho essa impressão. Já aconteceu de dois garotos saírem do trem em que estávamos no metrô, me acompanharem até a catraca da estação e voltarem para pegar o trem de novo. Embora eu conhecesse perfeitamente aquele caminho, fiquei tão admirada com aquilo que decidi aceitar aquela gentileza como um presente do acaso. Digo gentileza porque não havia outra intenção ali. Os nomes deles? Não sei; se eu os encontrei outra vez? Não. Mas esquecer deles eu não vou jamais.

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