segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Teve bola, teve bolo

As comemorações do meu aniversário começaram na sexta. Fui com o pessoal
do trabalho num rodízio de petiscos, foi muito bom rever algumas
figuras. Noite curta, mas intensa. Felizmente o sono veio rápido, porque
o dia seguinte foi longo. Formatura do pré na escola da Nicole, foi aí
que comecei a perceber o quanto o tempo tem acelerado, envelhecemos e
crescemos. Ando cada vez mais babão, é verdade, e lembrar do ano
passado, quando ela falava ao telefone "tô te ligando porque a mamãe
falou pra eu ligar que era seu aniversário" até me fez rir. Ela já pensa
na sua próxima apagada de velas, que vai ser só (e já) em maio, talvez
seja logo depois do papai Noel. À noite teve o já tradicional rolê pela
Augusta, que sempre começa no carrinho das redondas ("vai Corínthians!
uma é 3, duas é 5, gelada gelada)" e termina no Bar do Netão, um ouvido
na pista e outro no balcão, no limite entre fim de noite e começo de
manhã. Dessa vez a cama me chamou antes do clarear, quis me guardar para
quando o Coringão chegasse, e chegou. Almoço farto e tardio com uma das
primeiras pessoas que tão bem me acolheu aqui em Sampa e depois corri
pra casa de grandes amigos assistir ao grande jogo, com uma vuvuzela
pendurada no pescoço e outra que me acompanha de berço, a garganta. Eu,
que pouco sabia sobre o Doutor Sócrates, a invasão do Maraca e outras
páginas da guerreira trajetória alvi-negra, estava mais inquieto que o
meu normal. Era a primeira vez que eu gritaria o "é campeão"! Tinha até
um palmeirense querendo gorar a festa, daqueles que vai pra praia e
volta até com a lingua bronzeada, mas é tão gente boa que não tem como
achar ruim. Minutos finais, a rede não mexeu uma única vez. Confusão
generalizada dentro de campo, nada de apito. Mas era só esperar mais um
pouco, a barulhada era certeira. Pra completar a alegria teve bolo
surpresa, que dia! Nada melhor que estar na companhia de pessoas com
quem temos tanta afinidade, presentes que os últimos 3 anos me
trouxeram. As vuvuzelas incomodaram os tímpanos alheios Augusta a cima e
Paulista abaixo, ah como eu queria ter um carro só pra sair buzinando!
Com a camiseta preta e branca é fácil fazer 10km por litro: "aê
Corínthians,é nóis! vai atravessar?" Quando aqui cheguei muitos dos
gente boa que conheci engrossavam a torcida, rapidamente fazendo brotar
uma simpatia pelo time, que se transformou em paixão da primeira vez que
fui ao Pacaembu. Foram só duas vezes, é verdade, mas são difíceis de
esquecer. O bando de loucos em uma quase virada de ano foi um
descarrego, uma alegria inesquecível. Já perto do Masp despiroquei de
vez. Ergui a grasi (meu "carro") o máximo que pude, como se na ponta
houvesse alguma bandeira. Para quem ainda guarda algum traço de vergonha
do cão de metal, foi o máximo da desencanação no meio daquela catarse
coletiva. Perto da GV, no bar do fanático tricolor (que nem deu as
caras), Gritos, risadas, abraços e a proximidade de casa - o mundo era
corintiano. Lembrando que horas antes encontrei na Augusta um velho
guerreiro dos tempos em que morei na São João, decidi terminar as noites
naquelas quebradas - Bar Azul, cujo dono respirava Corínthians.
Uma recepção morna, um clima de fim de noite - até minha cornetinha da
25 de Março resolveu falhar.

Melhor assim, era hora de começar a pensar no relógio, no começo da
semana. A verdade é que a noção de tempo geralmente está ligada a
eventos. Esperamos tanto por eles, e quando acontecem deixam a alegria e
a saudade das recordações, um vazio e a imaginação fértil para tentar
focar ou inventar outro marcador. A torcida pela escola de samba do
bairro, Uma viagem, uma prova, um reencontro - nessa se passaram 324
meses. A primeira ressaca dos 27 incrivelmente não veio, parte do
metanol deve ter evaporado entre sopros, suor e gritos. A mesma saúde
não demonstrou minha garganta, mas até o fim da semana tudo volta ao
normal. Pra fechar, emendo uma citação com o devido comentário, postada
no Facebook há algum tempo. "Meu ideal de vida é a variedade e a
intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas." (Contardo
Calligaris, Folha de 29/09/11) Equivale ao "se chorei ou se sorri , o
importante é que emoções eu vivi". Vale pros que tem medo de viver e se
envolver, como cada um de nós em diferentes graus. Que venha mais um
bolo de surpresas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário