domingo, 7 de dezembro de 2014

Dedos

Roubaram meus documentos, não mais tinha identidade
clonaram meu cartão, fiquei sem limite
era cabo de guerra com meus cabelos, perdi a cabeça
meus dentes ganharam intervalos, fiquei sisudo
minha bengala era um bambu, mas rima boa não havia
almoçava gargalos e canudos
minhas mãos, intocáveis de sujeira, eram então analfabetas
camas retas eram um luxo raro; se macias, dignas de um selfie
mas em meus sonhos você existia
e eu te emprestava meus dedos carcomidos
pra gente fazer poesia

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